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HÁ VINTE ANOS, O MUNDO SE RENDIA A GUSTAVO KUERTEN

Paris, 08 de Junho de 1997. Data em que o tênis brasileiro mostrou como foi, é e pode ser surpreendente. Era uma tarde de domingo que seria realizada a final de um dos quatro maiores torneios de tênis do mundo, chegava a hora de saber quem venceria Roland Garros. De um lado, Gustavo Kuerten, jovem brasileiro, torcedor do Avaí e um exemplo de luta e superação. Do outro, Sergi Bruguera, o espanhol bicampeão de RG, que naquele momento era o 19° do ranking, um especialista no saibro.


Mas, para contar sobre o esse fato, precisamos retornar longos dias de superação, luta e treinamento, afinal nada acontece em vão. Em 1983, começou a dar os seus primeiros passos com uma raquete na mão e com todo o apoio de seu pai, um amante e praticante do esporte. Dois anos depois, Gustavo Kuerten perdeu o seu pai, quem sempre te incentivou a seguir a carreira no tênis, que faleceu enquanto arbitrava um jogo de tênis em Curitiba. Guga tinha somente oito anos de idade quando teve que seguir a sua vida sem a presença do seu pai. Os anos foram passando até que quando completou 14 anos de idade, conheceu o seu maior tutor no esporte, a quem deve muitos ensinamentos, troféus e histórias. Em 1990, Larri Passos apareceu e transformou a vida de Guga e de sua família, mostrou que o pupilo catarinense tinha muito potencial para mostrar para o mundo do tênis.


Após longos torneios entre os juniores, viagens cansativas e muitos treinamentos ao lado do seu fiel escudeiro, Guga se tornou profissional no ano de 1995. Aliando torneios menores e a Copa Davis, o seu primeiro feito que fez despertar o interesse da mídia sobre si foi a participação contra a Áustria em 1996, quando a seleção brasileira chegou a elite mundial da modalidade. Chegava o ano de 1997, temporada em que se tornou o número 2 do Brasil, somente atrás do batalhador Fernando Meligeni. Porém, o feito maior se realizaria entre o final de Maio e o inicio de Junho, período em que foi realizado o segundo Grand Slam do ano, denominação dada aos quatro maiores torneios de tênis do circuito.


Gustavo Kuerten chegava a Paris com 20 anos e como o número 66 do ranking mundial, esperava ao menos conquistar uma vitória, pois enfrentaria grandes nomes do tênis no caminho para o título. Com estilo arrojado e agressivo, impressionava a todos em seus treinos, inclusive grandes nomes do esporte na época como Alex Corretja. O primeiro desafio no torneio foi contra o tcheco Slava Dosedel, que o já tinha vencido duas vezes naquele ano em Indian Wells e Monte Carlo. Porém, o inicio da história foi escrita com uma vitória convincente em três sets em pouco mais de uma hora e meia de partida. A segunda partida já era uma pedreira contra o sueco e número 23 do mundo, Jonas Bjorkman. Como era de se esperar, jogo mais difícil e que teve que contar com muita luta e perseverança para bater o ex tenista e atual treinador de Marin Cilic em quatro sets. “Guga” já estava na terceira fase de Roland Garros, onde enfrentaria uma pedreira, o então número 5 do mundo, o austríaco Thomas Muster. Em um dos jogos mais difíceis de sua conquista, após longos cinco sets de reviravoltas no placar, Gustavo Kuerten passava pelo ex número 1 do mundo e chegava as oitavas de final.


Nessa fase do torneio, a torcida francesa passou a olhar mais pelo franzino brasileiro com uma camisa chamativa azul e amarela, mostrando o seu patriotismo e amor por sua nação. Nas fases de oitavas e quartas de final, enfrentou o ucraniano Andrei Medvedev e o russo Yevgney Kafelnikov, respectivamente. Jogos em que mostraria que poderia fazer história no saibro sagrado de Paris. Nas oitavas de final, mais um jogo de cinco sets e uma vitória na luta em cima de Medvedev. O jogo que separaria o joio do trigo seria contra o russo Kafelnikov, onde se vencesse, daria um passo enorme pelo inédito título de Grand Slam. Hora de jogar na Philipe Chatrier, quadra principal do torneio, contra o atual vencedor do torneio em simples e duplas. Mais uma vez, Gustavo Kuerten levou o jogo para o quinto set e com direito a um “pneu”, quando um jogador ganha o set sem perder games, passou para a fase de semifinais e ali mostrava que seria campeão daquele ano.


O encontro de zebras marcaria uma das semifinais daquele ano, dois tenistas que nem eles próprios imaginavam que chegariam tão longe. “Guga” enfrentaria o belga Filip Dewulf, o então número 122 do mundo e não poderia deixar de vencer o único confronto em que era mais bem ranqueado que o seu oponente. Vitória em quatro sets após mais de duas horas de jogo e vaga para a grande final do domingo contra o espanhol Sergi Bruguera. E, o duelo mais esperado do torneio acabou sendo o jogo mais fácil do brasileiro em todo o torneio, vitória acachapante sobre o bicampeão do torneio e o título de Roland Garros era de Gustavo Kuerten, de Santa Catarina e do Brasil. 

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