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A TRAGÉDIA DE 1982

No ano de 1982, foi realizada a 12° edição do maior campeonato de seleções de futebol, a Copa do Mundo. A Espanha ficou encarregada de sediar o evento e o fez com 14 cidades e 17 estádios dos mais variados estilos. Entretanto, um desse ficou marcado como o local de um dos jogos mais marcantes da história dos Mundiais. O estádio de Sarriá foi o local do jogo entre Brasil e Itália pela segunda fase, uma espécie de quartas de finais do torneio.


A seleção brasileira, contando com um elenco recheado de craques e um futebol vistoso, iniciou a sua campanha em 82 com uma vitória difícil contra a União Soviética pelo placar de 2x1, gols de Sócrates e Éder, ambos na parte final do jogo. A segunda partida foi um pouco mais tranquila, o Brasil começava a se soltar e mostrar o futebol arte para o mundo. Resultado: goleada de 4x1, de virada, sobre a Escócia. O último jogo foi um verdadeiro passeio sobre a fraca Nova Zelândia, gols de Zico(2), Falcão e Serginho Chulapa. O Brasil encantava a todos com triunfos convincentes, um futebol de altíssimo nível e levava o favoritismo para a sequencia do torneio. 


Já, a seleção italiana enfrentou uma primeira fase repleta de desconfiança após uma sequencia de três empates com equipes mais fracas. O primeiro jogo foi um 0x0 morno frente a Polônia, conhecida pelo seu futebol truncado e de pouca variação técnica. A segunda partida ligou o sinal de alerta na sua torcida, um empate contra o fraco elenco peruano, após levarem um gol no final marcado por Díaz. Chegavam a última rodada precisando mostrar um bom futebol e uma vitória convincente contra Camarões. Não aconteceu, mais um empate, e a vaga para a segunda fase só foi assegurada no número de gols marcados. 


O que seria quartas de final se tornou uma segunda fase. Nessa, foram divididos em 4 grupos com três equipes cada, onde os líderes avançavam para as semifinais. Diante das campanhas ruins de Itália e Argentina, o Brasil ficou no mesmo grupo dessas seleções e precisava ganhar os dois jogos para passar para a semifinal e era o favorito indiscutível do grupo. No primeiro duelo do grupo, a seleção italiana venceu a Argentina e colocou pressão para o segundo jogo, onde quem perdesse estaria fora da competição. Entretanto, os comandados de Tele Santana atropelaram a Argentina com um bom futebol e sem dar chances para a atual campeã. Resultado: 3x1 e a decisão ficou entre Brasil e Itália. 


Dia 05 de Julho de 1982, Brasil e Itália entram em campo pelo último jogo da segunda fase, quem vencesse, passaria a semifinal. O Brasil era amplo favorito pela sua campanha e por seu melhor futebol naquela Copa do Mundo. Entretanto, logo aos 5 minutos de jogo, Paolo Rossi dá sinais de que não seria fácil, gol da Itália. Entretanto, Zico limpa a marcação e toca para Sócrates invadir a área e balançar o barbante, gol de empate aos 12. Bola no pé de Toninho Cerezo que faz um passe lateral, Falcão e Luisinho batem cabeça, Paolo Rossi(de novo) roubou a bola e marca o segundo da Itália. Algo estava muito errado, a equipe brasileira não cometia esses erros crassos, a seleção italiana aproveitava os erros e tomava a frente do placar, levando Cerezo as lágrimas. Pressão da seleção brasileira, mas a bola teimava em não entrar, chutes passando rente a trave, gols perdidos. Até que Junior rola a bola pra Falcão que emenda para o gol, é o segundo do Brasil, o empate favorecia o time de Zico, Sócrates & cia. Seis minutos depois, o ato final. Em escanteio para os italianos, a bola sobra para Rossi marcar o seu terceiro gol na partida, 3x2 Itália. No final do jogo, após muita pressão dos brasileiros. Zoff faz uma defesa espetacular em cabeçada de Oscar e decreta a eliminação do Brasil. 


A seleção brasileira daquela edição é considerada por muitos a melhor de todos os tempos, onde uma constelação de craques encantava a todos com um futebol vistoso e uma tática exuberante nas mãos de Tele Santana. Mas, a coroação não foi possível devido a um dia inspirado do atacante Paolo Rossi e da defesa italiana, o Brasil dava adeus a Espanha com um gosto amargo e carregava as lágrimas do torcedor incrédulo com a derrota. 


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