Olá, meu filho.
Estou sentado na sala e vendo o noticiário esportivo, sendo que ele só fala do ocorrido no sábado em São Januário e no Beira Rio, e resolvi escrever pra você.
"Perdão,
As vezes, assistimos jogos do nosso time juntos e vejo o brilho nos seus olhos,
Sentamos no sofá da sala e ficamos ali torcendo feito loucos para a ira da sua mamãe,
Vejo o quanto você gosta de futebol e como queria estar no meio de nossa torcida,
Poxa, meu filho, como eu queria estar ali com você.. Vibrando, gritando, torcendo..
Mas, o futebol que eu assisti não voltará nunca mais, o futebol como emoção e não como comércio,
Gostaria que você tivesse comigo na década de 80/90 para ver Zico & cia,
Entrar em um estádio com mais de cem mil pessoas e poder ter a certeza que todos estão para se divertir,
Uma vez, você me chamou para ir ao nosso estádio numa quarta feira à noite,
Mas, filho, como vou levar quem eu tanto amo em um jogo à noite numa cidade deserta e deixar a sua mãe preocupada?!
E aí, você me perguntou: Pai, vamos no domingo de tarde, é contra time pequeno, não tem perigo..
E, eu, triste, te respondi: "Filho, não posso te levar, eles brigam entre si.."
Infelizmente, meu filho, perdemos o encanto do nosso futebol..
Famílias não vão mais aos estádios, não nos sentimos seguros em sair de casa e seguirmos rumo ao nosso alçapão,
Perdão, meu filho, mas não posso te levar para um estádio de futebol
Do seu papai que tanto te ama."
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